sábado, 11 de outubro de 2014

CC

Ah...fui amortecido
Será de ser amor tecido
Ao punho em fraco sido
Oh dor... O amor teceu.
O céu de alguém
Que não era, o meu
É triste, mas sol que foi
Os olhos úmidos, amortizados.
Dentre o choro adoecido
O sol dardeja emancipado
Na dor de tom adormecido.

Como dói o pouco pro sensível
O lise da praga, é o mesmo meu
O esmo da folha seca, em tom abaixo.

CLXXXVIII

Às margens dessas linhas
Que por entre diretrizes,
Sabe lá, do que te dizes.
E desta vida condicionada
Por estas questões surdas,
A questão de não existirem.

Um tiro dentro do olho,
Cegueira que os próprios escapam
Dentro de desígnios áureos
Qual tal tremendo breu na entrada
Flagelam personalidades austeras.

A utopia do historiar paralítico
Que corre na consciência
E sabe de si mesmo.
A falta do próprio conspecto.
E tem por si mesmo
Carência de sua resposta.

O vivente da clausula póstera
Num réquiem da própria ciência
No simplesmente soar do ''Nada''.
Na beira um espirito em decadência
Disposto a servir aos poetas clemencia
A se interpor que os porquês se renovam.

Sabe se lá, sê vindouro agora
Tem nas mãos o amarelo ígneo
Nos olhos obscuros de verdade.
Tem de pôr na vida vírgulas
E mais parágrafos entre os pontos...
No ser do mundo, sua província.

Tens na vida todo amor
E se não tens de alguém amor
 Os olhos rubros em ardor
Sabe da vida tanto mais
 Que é não amar porque te amam
Amas o próprio amor que não tendes.

Ser na vida, um indefinido
Ser quem tudo sabe e soube
Ser tudo ou nada que o tudo coube.
Pensar que a toda vida é absoluta
 Encurtar outros pés pros seus


A vida é um supor inesgotável.

O mapa mundi


Tenho em mim tanto e quanto
E tanto e muito e á beça
Sofro que assim de viver
Demasiado da sombra que veste
O oeste que é meus braços.

Tido em mim soma, pluma
Veneza de toda Europa
Um Verniz fora de tom
Sobre tudo que soma
Tenho o que assoma, o amor.

Meus olhos são distantes
Como a dimensão da Europa
Entre Elvis Presley e Marilyn Monroe
[Diz papai que eu espere]
Não se pode esperar da espera.

Em mim quando o amor acontece
Sucede as mutações, o enegrecer
Partido, banido, em instantes, outro
Não mais aquele que aquela
Eu me converto num mapa mundi.

Sou autor de toda França, que não sei
Uma geografia na sociologia que inventei
Uma espessura plana delicada, a guerra
O amor a paz tudo num lugar
Que á tempos de mim vazante.

As pisadas invernam, arrebentam
Meus ossos plenos de pedir o delicado
Meras maquinas dispostas, dispersas
Ainda estou mudo de pensamentos
Há apenas represas de sufixos, radicais

Depressões que em si se afundam
Sinto o tiritar dos músculos se arrebentando
{ Mas voltando aos mapas, diz papai, mora numa só direção]
Tomo logo que, uma ele não quer que eu veja
Duas, os meus versos são.... São...

Enfim, sou como um mar dentro de um mar
na ideologia que respiro os outros são assim:
Mares maiores, ou menores um dentro do outro
Como os casais, como a vida dentro da morte
E eu meramente apenas um mar, dentro do mapa.

O fim da tarde é de me deixar bobo
O Sol de Brasília suscita orgasmos da ida
Até a vinda, que é quando estou junto a papai
[Apenas espere. Quem espera com sede, vive antes de morrer de fome]

Ri de papai não me aguentei, nasci como um feto
Pelado e sujo e pouco e mínimo e diminuto e nada, e menos que isso
E sou poeta e todo um mapa-múndi, e ri chorei.

Vida ilusória

Tenho valorosamente a dizer
Afinal, o único final que existe
A vida é sempre de um avistar
Veja moça, como eu lhe digo
Na pupila a cor de mel o começo
Na íris toda finitude do universo.
Pode ser que daquela vez
Que minha alma pulou pro céu
É que te via, e foi ao teu encontro
Conta a prece que eu agora admitia
Contra aquela insegurança
Que insídia todo nosso amor.
Já vai, pro teu medo disse
As costas, para ser esquecido
E mais frequente foi tuas costas
Que viria a ser-te a saudade
E o ardor foi a ser utopia
E a espera fez arder indolor.

Quanto que na vida é tarde
Se até o rompimento é um comecinho
E o apaixonar vem todo mansinho
E a vida passa a valer demasiadamente
Que é só um vi da alegria, vi da moça
Toda em posse de meu coração:
—vi de chorar de morte, vi de chorar de rir—

Ana que outro homem vês?

Estes olhos vis,
descansam nos óculos
e não sei do que ris,
e que outros olhos vês.
Mas estes não são,
digo-lhe que os vejo
e são marés febris
e findas num mar vermelho.
E o carmesim,
que me procura
seja apenas metáfora
ou rouge de sua boca
Ana.
Não sei terminar,
Ana esse poema
como não saber terminar o beijo
como nem sei como lhe beijei.
E se ris sem nada,
que acrescente riso
gargalho contigo
que é de ti, que ninguém saberá.
Ana de danada teu nome,
levante as saias que irei,
mergulhar, e prometo, de olhos fechados
que eu quero é me esconder de mim.
Vinde a me curar,
vai trabalhar tão cedo
e eu tão inútil escrevendo,
quantos poemas que a vida lhe deu.
Vou lhe contar, porque me escondo
atrás dessas telas quadradas,
que sou tudo que pede as mulheres,
e lá estão elas com os errados,
e sou pendente caso da fantasia.

Não volte aqui mais triste com os olhos vidrados de medo

 Olha lá, o amor dentro do escurosei tão raro o grande amor de virrebuscando, a grande busca da vida
isentando redundante de abundante. O que os dias são, estes dias sóisquanto sol se foi que me escreveufoi-se marcar os pingos de linhas,
e falava a causa, o tempo de chuva. E fui a perguntar-te das redundânciaschorastes, quis-me provar abundancias
imersa naquele tempo que não era teu. Na falta, um pouco falta ser saudadequando foi o ultimo abril que escreveuvi só dos olhos teus, previsão de chuva.



Liberdade o grande nada divagando no soneto alheio á destra

Eu vou na destra crisalida 
E voou pra nunca mais visto 
Que sou, tudo que foi o não sido 
Eu nasço da fresta das nuvens. 

Furor jamais que agora crido 
Ardor o filtro da noite insólita 
Faria do criador nunca crido 
Em mim ileso de não se inventar. 

Por estas cristas da divindade 
Vindouro vento não se dane 
Como raios, sobrepostos 

Não se quebre, em raízes 
No divino destas tremendas arvores 
Vida ris, que o oposto aposto te cales.



Tanto amar


Tanto amar, antro ao ar
ante o mar, o cume leve
a vala mor, do vale amar
no ando duo e só.

Triste o céu arauto
detona-se, denota-se
todo o amor em luta
sinuoso arco acaso.

Nos casos sós 
os ares de então
pois assas... 

Veja-te pelo céu
todo um sol só
que irradia o peito.


Eu


Vejo uma Alma ao meu lado
Me amando descorajada e coradamente
Quando penso de voar que ela me lembra:
—tens uma Alma, que mal vês na morte.
Olha pra ti Alma, divagando
Na sopa, no assoalho, na...
Purpuro acaso foi que esteve
Diz-me que se acorde nela.
Alma de um cinza azul royal
Quando chora minha dor que acode
O esplendor dos braços do céu
Que lhe pegue e me volte
ela que me emburacou.
Mas foi na tristeza vazou
Minha alma que levou meu espirito
Pois bem que mal alavancou
Meus queres pr'ela tão difíceis!
Pelo mantra resgatado
De um ledo menos que incompleto
Sou só e das almas agradeço
Dos acabados, nos nós que se dissipam.


Atrás da porta


liguei de novo
a luz, nas badaladas
das 4 da manhã
e eu digo a você:

"vamos a paz
iremos com luz
ou seja a tua própria
em minha penumbra''.

você sorri naturalmente
e me beija, e me pede
contra a minha vergonha
que sorria, e estamos na paz

que em todos esses anos,
eu vejo tão mais rala
e quanto a você
tão mais funda.

mas diz me agarrando
com uma mão, em outra
pondo outra música
e atrás da porta, vejo:

que paz estão nos cantores,
com as dividas, o mal fim
a fome, a morte, os cordéis
veja atrás da porta:

''é deles a opção de cantar
ou é como condição dos poetas?''
e ela me diz: '' são os condicionados,
como a condição de se amar dois malditos poetas.

nas noites de almodóvar
o mundo inteiro morreu
''esses são pouco felizes''
''os que cantam''?

''é, os que estão dentro do público
nas mais solitárias notas''.
a paz, pra eles, só sobre a guerra
''Mas e quanto a nós''?

e teve medo, e correu pra detrás da porta:
''somos felizes, pela paz
pois estamos em nós''.
e ela sorriu, atrás da porta

pobre d'alma funda
e boca rasa.


Alquebrado

preciso do meu canto
só, se é que foi amor
o ódio não é vindo
de passar.
preciso do canto
que chorar o bocado
o amor que agora
achar no mundo.
quem sabe
é ver na dor, sossego
preciso no odor acalento
no findo acalanto.
no lento tragar
o vento trazer-nos
como a tosse
outra dor expulsa.

juntos e alheios
doarmos a nódoa
do ar mor denso
que dois.

Capitólio

Clarão do sol rumoreja, 
os naus do céu nas nuvens 
o asco do brejo, as clareiras 
delinqui a luz a vida do lago. 

O ar-mor assopro Jesus 

compôs desde a relva rasa 
a luz dos olhos um contrapor 
e o cordel a asa do nordeste. 

Então a porta a ventura amor, 

o ar maior do destino 
diviso os boques verdejantes. 

Em sumo o peito dardejante 

deságua no tejo abundante 
da furiosa natureza em glória.

CCII

Na íris do olho, a quimera
Lua na terra, outra ilha 
Milhas ao corpo e os cabelos 
Linda do mar outra filha.

Outra, que foi feita á mãe 

Margem do estado cósmico 
Mar natureza infinita 
Que indo acabei descobrir.

Sei de ser revel a vista 

Sendo o céu secundário seu 
Sem sombra do completo nada. 

Na sobra da espera que escolha 

Na obra que o tempo recolha 
Eu num terceiro céu amado.

CCIII

Cabulei a lei da vida 
Fera irascível, temida 
E vi dentro da espera 
O agora que jamais nasceu.

Disse das loucas, á querida 

Na veracidade irada de amar 
Em pressa, que não tendes noites
Á raiz da idade que inda é dia.

Fui ter com o grande amor 

O espanto, fiz o tanto amar 
O espasmo, e já não era amor.

A argila espalmei o rosto 

A lira já não me ser ira 
Á flor de quem não me seria.

CCIV

Ilhado na contiguidade
Remeto a contumácia
Á fluir ao condensado
A coisa, diretriz inalcançada.

Na quimera dantesca lancinada

Amor que a saudade silencia
Num vazio maior acrescido
Raia o coração sucinto.

Efêmero tempo que te tive

Poesia na fenda inacessível
A dor do poeta é intransitiva.

Pesaroso ser de insistir sozinha

Sublime amor quando desperta
E diz ainda de não ser minha.

CCV

Estava a anuir na selva atenuante
Ao léo, desferir ferinas nuances
Saudade ênfase obstante
Do eu-lirico na instancia das linhas.

Crê no céu no instante que se fez
A proa de lirismo a ponte, a fronte
No inicio que a forma dispersa no mar
Perpassa o azul fonte do horizonte.

 Sobre a ilustração que ilustre ação
Lacustre cova costa dos mares
Teu espelho é claro dos meus mas.

Crostas não destoam a destreza
O mar que não vi, minha tristeza
Assopro, o ar que me vem não me é.

Born to die

Vejo-me na terra dos olhos teus 
Nos instantes, areais á que olhastes 
Potestade surreal de lhes caberem
Cariciando mundo dos medos. 

Deserto, sóis jazz do que já foi tudo 

O inferno é sorte de se ter no mundo 
Meado de odes, purpuro, ser prematuro 
Ser dos escritos das criptas excedida. 

O corpo definha, o lodo inescrupuloso

 Rente o vento flácido a moer o músculo
 Na Morte da brisa e o andar escrúpulo. 

A medida de que irás partir , vais durar 

Que há poesia que dure mais que um dia 
Na furta vida e os olhos duros á solicitude.

CCVII

Inerte o amor está, inerente
Em tese, de teste a semente
Árdego de gesto cadente
Árduo frenesi adjacente.

Apuro, condicionar-te

A seita de um em duo
Aceite, justificar os apuros
Ventura nossa já penitente.

O amor retive na cabeceira

Tristeza torta incandescente
Sabe a dor, de ser traiçoeira.

Medo padece pendente

Euforia poderia a gente
Extrair da represa dos finais.

O genuíno de almas entreabertas

Dante e após o posterior trinado
Lira lida em sombra tormenta
Rente o mal descarregado
As almas partilham entreabertas.

O genuíno ar das reticencias

Lascivo lar que é par dos reticentes
Á par da agonia selvagem aquecida
Enegrecer que a luz inteira se aposenta.

Cinzenta cena ao que o ar delimita

Da cerne enta transcrita se esgueira
Sai numa fresta como a paz encolhida.

Tempo vindouro retificado e turvo

Quanto abortou poesia esquecida
Memórias vãs expelidas estarrecidas.

Senso denso e incerto



Extenso extinto senso

Tenro exílio interno
Vendo, funerais ternos
Penso o alvorecer do inferno.
Estendo a alma como um prédio
Espremido abismo exprimido
Exagerado amigo, é meu abrigo
Consigo a ânsia de penetrar no incerto.
Vejo a passeata que todo dia espero
Os mesmos pés num retrospecto
Todo o dia um mesmo aspecto.

O mesmo conspecto do nada embutido
Viva aos otários, á letargia que é lutar
Se isso que viver me é, mais distante o céu.

Depression Inc.

A concha é o aconchego avulso
Mundo nada mais que o vulto
Mutação pendente do nulo
Tudo aflora e efloresce...
Ao passo que a vida pende
O regresso nulo desaprende
Voltar da gloria, no infortúnio
Volver as vísceras, da desfortuna.
Sabe em face do arco da alcança
Espera que a demora, descansa
O tempo irrompe brusco e descama.
A mentira em verdade declama
Veementes alusões esparramam
Na hora que os poetas, explodem.